Fogo Pesado

ARQUIVOS GO OUTSIDE
(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2009)

Atletas que combatem incêndios. Brigadistas que se rendem ao esporte. Investigamos a rotina e o treinamento de bombeiros e atletas de aventura para entender por que, cada vez mais, esses dois mundos se intersectam (FERNANDA FRANCO)


EM CHAMAS: Dupla de bombeiros apaga carro incendiado durante simulação
no Centro de Ensino e Instrução dos Bombeiros (CEIB)

MANTER O CORPO EM ATIVIDADE por longos períodos, suportar variações de temperatura, aguentar pressão psicológica e saber trabalhar em equipe são habilidades imprescindíveis para os esportistas de longa duração. Mas há uma outra categoria que também depende dessas capacidades, só que profissionalmente: os bombeiros. O bombeiro é a única pessoa capacitada a atender casos de desabamentos, incêndios, acidentes de carro e enchentes. Em muitas dessas situações, ele tem de fazer até o atendimento pré-hospitalar. Autoridade máxima nas situações de maior risco, ele tem a missão de proteger a vida, o meio ambiente e o patrimônio, sempre zelando pela sua segurança e das vítimas. E para isso, assim como os corredores e esportistas de aventura, o bombeiro precisa de força e resistência físicas e mentais, conhecimento técnico.

O uso de habilidades semelhantes torna as sensações e as experiências vividas por bombeiros e esportistas de endurance muito parecidas. Inclusive, alguns atletas encontraram nessa profissão – a mais sonhada pelos garotos, depois da carreira de jogador de futebol – a chance de trabalhar usando seu preparo físico e psicológico, aprimorando conhecimentos técnicos e ajudando pessoas. “Trouxe a experiência adquirida ao longo da minha vida esportiva para o curso, e isso me ajudou a superar os treinamentos físicos e as situações de stress”, conta o recém-formado soldado Carlos Alberto Passini. Antes de decidir ser bombeiro, Cacá competiu em provas de aventura com mais de 500 quilômetros, completou um IronMan, disputou uma prova de 24 horas de corrida, nadou 25 quilômetros em águas abertas, pedalou de São Paulo a Bolívia e escalou montanhas de mais de 5 mil metros. “Entrei para o corpo de bombeiros porque é um serviço com que me identifico. É muito gratificante, depois de um dia de trabalho, você perceber que fez a diferença”, declara.

A inspiração da norte-americana Robyn Benincasa, xx, corredora de aventura há 14 anos, veio justamente do prazer em viver no ambiente ao ar livre. Depois de ser dispensada de um trabalho na área de vendas, Robyn optou por seguir o caminho dos bombeiros há 10 anos e comemora. “Foi a melhor coisa que podia acontecer na minha vida, porque me fez perceber que meu trabalho deveria combinar com meu estilo de vida”. Robyn é de San Diego, Califórnia, e entre os momentos mais marcantes de sua vida como bombeira está o combate a um incêndio nas florestas ao redor da cidade, em 2008. A norte-americana esteve no Brasil para três edições do Ecomotion PRO (2005, 2006 e 2008), sendo sempre a capitã da sua equipe, que disputou as primeiras colocações nos três anos.


RELAX: Robyn, à esquerda, se diverte com as colegas de profissão

TROCAR A FARDA POR UMA CAMISETA DE PROVA é o caminho oposto, mas que não tem nada de contra-mão. Depois de suarem a camiseta pelo menos duas vezes por semana nas aulas de educação física durante o curso básico, um bombeiro já formado tem a obrigação de treinar no mínimo uma hora por dia, no quartel que integra, para garantir que estará sempre apto a suportar a exigência física de uma ocorrência. Muitos treinam também nos horários de folga, de olho em competições como as provas de natação e de corrida da corporação, travessias aquáticas abertas ao público, corridas de rua e triathlons.

Do ponto de vista psicológico, a disciplina e concentração adquiridas no treinamento de traços militares, mais a capacidade de manter a calma mesmo nas situações mais estressantes são habilidades que os bombeiros levam para as provas longas. Afinal, disputar uma competição como o IronMan significa passar em média 11 horas gerenciando dores e administrando esforços para cruzar a chegada. “Durante a prova, chego a me sentir em uma ocorrência. Penso na segurança e tenho cuidado para não machucar a mim e aos outros na água. Durante a bike, procuro não me desgastar demais para o restante da prova. Também tenho que equilibrar a alimentação e vencer o cansaço. Cruzar o pórtico é como ver a expressão de tranquilidade de uma vítima salva por um bombeiro”, explica, sorriso no rosto, o tenente Miguel Jodas, bombeiro há 16 anos que disputará seu terceiro IronMan em maio.

Os bombeiros que optam pelas provas de aventura levam também na bagagem conhecimentos específicos valiosos. Nas competições mais técnicas, as habilidades adquiridas, por exemplo, durante o curso de altura – montar uma pedaleira, realizar um auto-resgate ou saber fazer uma ascensão sem desperdiçar energia – representam uma vantagem significativa. “Já utilizei muito meus conhecimentos técnicos de altura nas provas de aventura. Mas acredito na soma das valências do bombeiro. Ele é polivalente: tem conhecimentos de navegação, verticais, primeiros socorros e calma para gerenciar crises”, afirma o capitão Robson Góes, 39, bombeiro há 15 anos e corredor de aventura há 10, tendo participado da primeira Expedição Mata Atlântica (EMA) em 2001 e de mais de cinco provas de mais de 500 quilômetros.

E há também o companheirismo pregado na corporação. Um bombeiro trabalha sempre em dupla: em qualquer tipo de atividade, ele tem sempre o seu “canga” – palavra que dá nome à haste de madeira que prende os dois bois ao arado ou a um carro de boi, mantendo-os em sinergia. Para os bombeiros corredores de aventura Robyn e Góes, essa é a mais importante semelhança entre as provas outdoor e o trabalho de combate aos incêndios. “Tanto na corrida de aventura quanto nas ocorrências, você tem que se manter em pequenos grupos por muito tempo, superando situações muito duras. É um grande exercício de convivência”, diz Robyn.


SEXO FORTE: Para Robyn, passar dois dias apagando
incêndio fica mais fácil com sua experiência em provas longas

PARA SE TORNAR SOLDADO do Corpo de Bombeiros, Cacá Passini passou por um curso básico de policiamento militar de seis meses, e depois se inscreveu para o concurso do Corpo de Bombeiros. Engenheiro civil, ele teve facilidade nos testes de matemática, passou por entrevista, exames psicotécnico e médico, e tirou nota máxima no teste físico. Durante os 4 meses de treinamento integral, Cacá morou no Centro de Ensino e Instrução dos Bombeiros (CEIB), a maior escola de bombeiros da América Latina, que fica em Franco da Rocha e tem recursos para simular, com realismo pleno, as situações enfrentadas pelos bombeiros.

Como 70% dos chamados é para atendimentos pré-hospitalares, metade das quase 500 horas de curso é investida em aulas nesse tipo de socorro e em combate a incêndio. Os futuros bombeiros têm aulas teóricas e práticas de funções dos órgãos, referências anatômicas convencionais, uso de desfibriladores, principais lesões por acidentes automobilísticos, e até partos. Já nas aulas práticas de combate a incêndio, eles aprendem o procedimento correto para conter o fogo. “Não é só jogar água. Tem técnica para a aproximação: deve-se levar em conta a direção do vento, localizar o foco do incêndio e fazer a extinção com segurança”, explica o sargento Paulo Ricardo dos Santos, instrutor do curso que tem em seu currículo o socorro ao acidente com um avião da TAM em frente ao aeroporto de Congonhas (SP), em julho de 2007.

A equipe da Go Outside presenciou uma simulação de combate a incêndio no curso para sargentos comandado por Ricardo. Munidos dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) – capacete, capa, calça, luvas, botas –, quatro homens dividiam-se em duas mangueiras e eram orientados pelo Chefe da Guarnição, figura que fica no meio das duas duplas e determina o posicionamento de cada um dentro da ocorrência. Nessa simulação, o combate era ao incêndio de um carro em chamas. Em casos de ambiente fechados, onde há fumaça, é preciso usar também o Equipamento de Proteção Respiratória (EPR) – máscara, cilindro de ar comprimido e suporte para o cilindro. Nessas situações, o bombeiro chega a carregar 25 quilos de equipamento preso ao corpo.

Além de outras matérias teóricas, o currículo do curso para soldado inclui matérias como salvamento terrestre, aquático e em altura – cada uma delas representando menos de 10% da carga horária total. Os alunos não se tornam experts em cada uma das especialidades, mas aprendem técnicas que são úteis não só para quem quer salvar vidas, mas também para quem se aventura.
No salvamento terrestre, Cacá e seus colegas fizeram resgate em poços e galerias, enfrentaram soterramentos e manejaram ferramentas que cortam carros e vidros no caso dos acidentes automobilísticos – nas aulas práticas, eles abriram carros batidos doados por montadoras.

Nas aulas de salvamento em altura, a primeira lição é dominar todos os tipos de nós. A próxima é aprender a fazer uma cadeirinha de alpinista com o cabo da vida (corda individual carregada por todo bombeiro). Depois eles desenvolvem técnicas de ancoragem, ascensão e rapel em todas as situações. Zelar pelos equipamentos de altura faz parte do curso, e quem pisa na corda ou deixa cair ferragens no chão é punido. “Quando você pisa na corda, pode levar pedaços de vidro e comprometer a segurança da corda. Cuidar bem do equipamento é zelar pela vida dele, de quem está com ele e da vítima”, revela um sargento instrutor do curso de altura. “Paga aqui na escola, para não errar mais”, explicou o Tenente Mota, justificando as flexões contadas em voz alta por um colega.

Durante o módulo de salvamento aquático, o bombeiro aprende a ter desenvoltura usando nadadeiras e máscara com snorkel. De touca amarela, cor mais fácil de ser identificada na água, eles treinam o reboque de afogados, socorro a vítimas inconscientes ou ilhadas, e pesquisa no fundo da água.

Nas 16 semanas do curso, além das 22 avaliações correntes, o aspirante a bombeiro passa por um “estágio” de três turnos de 24 horas em algum Grupamento de Bombeiros (GB). Afinal, ele precisa entender como funciona a operação e sentir na pele a experiência de uma situação real, caso a sirene toque. Cacá teve a sorte de ter três turnos muito movimentados: colaborou para a extinção de um incêndio em um sobrado na Moóca, manejou equipamentos hidráulicos na retirada de uma vítima presa em ferragens, e tripulou uma viatura de resgate para socorrer um acidente de trânsito.

Ainda no curso básico para soldado, todos os bombeiros passam pela Casa da Fumaça. O local é uma galeria subterrânea e seu objetivo é simular incêndios em ambiente confinado e enfumaçado. Escuro, tem apenas uma pequena entrada e um grande labirinto no meio, que simula becos sem saídas e alçapões, e uma saída bem escondida. “É uma maneira de imitar o que teremos lá fora. E só o fato de estar em um lugar fechado já tem um efeito moral. Eles têm que entrar com a mangueira, localizar o foco, apagar e sair”, explica o instrutor.

Também fazem parte do treinamento as marchas e os treinos de imobilidade no frio ou no calor, que podem chegar a três vezes por dia. Nessa situação, os soldados passam horas em posição de formação sem poder se mexer um músculo e nem mesmo se coçar.


EXPERT: Capitão Góes aplica seus conhecimentos durante curso de salvamento em altura

NA ALTURA DO PEITO, do lado direito da farda, estão bordados os cursos de especialização feitos por cada bombeiro. Quanto mais habilidades ele adquirir ao longo da carreira, mais chances ele terá de “correr”, na linguagem do quartel, nos diferentes tipos de viatura. “É uma forma de passar mais confiança aos parceiros”, explica o sargento William. As equipes são montadas de acordo com as habilidades e a graduação de cada bombeiro, sendo que uma viatura de combate a incêndio deve ter no mínimo um sargento, posição que exige 10 anos de experiência.

Para garantir a segurança da operação, os exames dos cursos de especialização em salvamento em altura, salvamento terrestre e mergulho desafiam o limite físico e psicológico dos participantes.

A soldado Kacia Maria Simões foi a única mulher da sua turma a se formar no curso de Mergulho. Quatro homens desistiram ao longo do processo mas, mesmo sob pressão, ela concluiu. “O principal é ter paciência”, suspira a soldado, lembrando de quando chegou a passar sete horas por dia na piscina sem aquecimento. Considerado um dos mais difíceis por instrutores e bombeiros, esse curso gabarita o profissional a mergulhar a até 40 metros de profundidade, fazer buscas em águas profundas e mergulho noturno.

Uma das fases do curso acontece na ilha Anchieta. Por uma semana Kácia recebeu comida apenas uma vez por dia, fez mergulhos noturnos todas noites, tomou banho frio e dormiu muito pouco – tudo parte da pressão psicológica. A prova de fogo (com o perdão do trocadilho) foi no tanque de mergulho e, não à toa, é chamada de Carrossel de Fogo.

Equipados para mergulho autônomo, uma dupla de bombeiros desce vendada até encontrar dois instrutores. “Logo no começo um deles abriu minha válvula, e precisei fechar antes de voltar a respirar. Depois, ele desmontou o mecanismo e fui obrigada a respirar direto no cilindro. Na sequência, precisei dividir o cilindro com meu canga. Para ter certeza que eu não iria subir à superfície, o instrutor soprava ar no meu nariz. E por último, fui amarrada na escadinha, de cabeça par abaixo, ainda vendada”, conta Kácia.

Para ela, essa situação foi mais tensa que o teste do curso de salvamento em altura, no alto dos 90 metros da torre da Tenenge, em São Paulo. Desde o primeiro dia, os instrutores já citam a torre como maior desafio do curso. Além de ter a altura de um prédio de 30 andares, ela balança com o vento e com o nervoso que causa por ser o palco do teste final. Mesmo dominando as técnicas de se equipar, muitos candidatos se atrapalham com a pressão da nota.

Depois de formados, a maior lição é manter calma, mesmo diante das mais absurdas situações. Como a de um adolescente californiano que espetou seu peito três vezes com uma faca, perfurando o pulmão. Ou o acidente de moto em que o motoqueiro foi arremessado longe e teve fratura exposta depois de bater em um veado, na estrada mais movimentada da cidade – duas ocorrências atendidas na mesma manhã pela norte-americana Robyn Benincasa. “Foi uma manhã e tanto. Mas o fato é que dificilmente algo nos tira do controle, mesmo não sabendo o que esperar quando a sirene toca no quartel. E essa habilidade é excelente nas provas de aventura”, compara Robyn.


CONTROLE: "É muito difícil me tirar do sério", diz Robyn


BOMBEIRO NÃO PRECISA SER BOMBADO, mas tem que agüentar o tranco. Os treinamentos físicos compreendem 4 horas de aula por semana, divididas em uma aula de natação e uma de corrida. Fazem parte do programa treinos longos e tiros de corrida, circuito de exercícios localizados e atividades de explosão. A natação está centrada em aperfeiçoar o nado crawl e a fazer deslocamento em águas abertas.

No início do curso, cada aluno é submetido ao Teste de Aptidão Física (TAF), que avalia e estabelece referências para fatores como tempo para correr 4.000 metros, distância em 40 segundos de corrida, distância em 12 minutos de nado crawl, quantidade de abdominais e flexões de braço na barra em 60 segundos e distância subida numa corda pendurada no teto.

O mesmo exame é aplicado a toda corporação e uma tabela de pontos faz os ajustes em relação à idade. Um rapaz de 19 tem que fazer os 4.000 metros em até 16 minutos para obter nota máxima nesse item; já um candidato de 41 anos que fizer em 18min30s e também terá 100% dos pontos. A nota de educação física é atribuída de acordo com a evolução desses indicadores, compondo a média final junto com as notas da outras matérias. Ter uma boa nota final significa poder escolher o GB onde quer atuar. O soldado Passini, por exemplo, tirou nota máxima em educação física e salvamento aquático, o que elevou sua média final e colocou-o em 15o entre os 197 soldados que se formaram com ele.

Além dos treinos físicos, os novatos encaram provações bem semelhantes às que irão encontrar no mundo externo. Enfrentam altíssimas temperaturas nos simulados com fogo e fazem exercícios em escadarias com todos os equipamentos de proteção no corpo para imitar o nível de esforço. Mas é no momento da ocorrência que ele sentirá na pele o tamanho do perrengue.

Em 1996, o Capitão Góes, na época há três anos no Corpo de Bombeiros, integrou a equipe que participou das buscas da explosão do Osasco Plaza Shopping, que resultou em 39 mortes. Góes e equipe trabalharam três dias seguidos para localizar todas as vítimas. “Íamos para o quartel apenas para comer algo e logo voltávamos ao local, pois não queríamos sair de lá antes de ter a certeza de que havíamos salvado todas as vítimas que podíamos. Foram dias muito duros, onde foi preciso muito preparo para suportar os turnos e as dificuldades impostas pelo local”, relembra o bombeiro.

Quem já tem experiência nos esportes outdoor acaba tendo mais facilidade nas ocorrências longas, que envolvem privação de sono e exigem técnicas corretas de alimentação e hidratação. Robyn conta que seus companheiros de corporação costumam sofrer mais que ela quando têm que lidar com fogo por horas ou dias seguidos. “Eu já estou acostumada. Na corrida de aventura é bem pior”, conta, rindo.

Por passarem muito tempo em locais de altas temperaturas, equipados com calça e capa que aumentam o suor e aceleram o processo de desidratação, os homens de fogo estão sujeitos a hipoglicemia, que diminui a concentração e pode levar a desorientação. “Um bombeiro mal hidratado ou alimentado coloca em risco a própria segurança e a do restante da equipe. Quando percebo que a ocorrência vai ser longa, solicito equipes para revezamento e mais água e comida do que o normal”, conta o capitão Góes.

Em praticamente todos os esportes de longa duração o atleta sente dor em algum momento. Conforme vai adquirindo experiência, ele percebe que é possível conviver com aquela sensação, e que deverá suportá-la para chegar ao fim da prova. Por isso, bombeiros que já fizeram provas longas e duras costumam ter melhor tolerância a dor. “Minha tolerância a dor e a momentos difíceis é bem alta devido às provas de corrida de aventura”, diz Robyn. A mesma opinião é compartilhada por Thiago Bonini, que depois de um ano atuando como bombeiro passou a fazer provas de aventura. “Você percebe que aquela dorzinha que você sente em algum momento de uma ocorrência não é nada. Sabe que dá para agüentar. Você cria outros parâmetros e acaba se diferenciando dos outros”, finaliza Thiago.

(Reportagem publicada originalmente na Go Outside de abril de 2009)







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